Os tendões são estruturas semelhantes a cabos fibrosos, compostos por tecido conjuntivo denso, que ligam os tecidos musculares aos tecidos ósseos.
Estas estruturas podem ser acometidas por diferentes processos inflamatórios, sendo um exemplo a tenossinovite estenosante dos flexores, conhecida popularmente como “dedo em gatilho”. Já falamos desse problema aqui no blog. Hoje, falaremos de outro processo inflamatório frequentemente tratado nos consultórios de ortopedistas especialistas em mão: a Tenossinovite de De Quervain.
O que é a tenossinovite de De Quervain
Como mencionamos anteriormente, os tendões conectam os músculos aos ossos. Os tendões responsáveis pelos movimentos das mãos e do punho se originam na região do cotovelo e, ao atingirem a porção mais distante do antebraço, se dividem e passam por dentro de estruturas semelhantes a túneis, que são chamados de “compartimentos”. Os compartimentos asseguram que os tendões fiquem mais próximos do seu eixo de movimento e propiciam maior força e eficiência mecânica durante a sua realização.
Dois tendões principais da base do polegar, referentes aos músculos extensor curto do polegar (ECP) e abdutor longo do polegar (ALP), passam por dentro do denominado “primeiro compartimento”.
Os tendões são recobertos por uma fina camada de tecido escorregadio, uma membrana chamada “sinóvia”. A sinóvia permite o deslizamento suave dos tendões pelo compartimento. Quando ocorre um inchaço dos tendões ou espessamento do compartimento, o atrito entre as estruturas aumenta, propiciando a inflamação da sinóvia, processo que recebe o nome de “tenossinovite”. A inflamação piora este atrito, que por sua vez, piora a inflamação, em um ciclo vicioso.
A tenossinovite de De Quervain é, então, o processo inflamatório da membrana que recobre os tendões que passam pelo primeiro compartimento extensor, devido ao aumento do atrito entre estas estruturas.
O que causa este problema
Não há como apontar uma causa específica da tenossinovite de De Quervain. No entanto, sabe-se que algumas condições podem aumentar as chances de desenvolvimento deste problema.
A tenossinovite de De Quervain é 10 vezes mais comum em mulheres, principalmente acima dos 40 anos. As alterações hormonais envolvidas na menopausa e na gravidez também estão associadas ao risco de desenvolvimento desta tenossinovite, pois podem levar à retenção de líquido e consequente travamento dos tendões, devido ao inchaço.
Não existe comprovação de que a realização de movimentos com as mãos pode causar a tenossinovite de De Quervain. Porém, estes hábitos podem estar relacionados à origem do processo.
Sintomas da tenossinovite de De Quervain
Os possíveis sintomas da tenossinovite de De Quervain, são:
- Dor no punho, perto da base do polegar. Esta dor pode se estender para o antebraço e se intensificar durante a realização de alguns movimentos da mão e do polegar, em especial os que envolvem girar o pulso ou segurar com força algum objeto. Este é o principal sintoma da tenossinovite de De Quervain.
- Inchaço no punho, próximo à base do polegar
- Dificuldade de movimentar a mão e o punho, devido ao inchaço e à dor
- Sensação de travamento do polegar ao movimentá-lo
Diagnóstico e tratamento
O diagnóstico da tenossinovite de De Quervain normalmente é feito através da anamnese e do exame físico.
É possível que o ortopedista realize o teste de Finkelstein para determinar a presença ou não da tenossinovite de De Quervain. Este teste consiste em posicionar o polegar contra a palma da mão, e cobri-lo com os demais dedos e, em seguida desviar o punho para ulnar (em direção ao dedo mínimo. Pacientes que têm a tenossinovite de De Quervain normalmente sentem dor importante na base do polegar durante a realização deste teste.
Na maioria dos casos, exames complementares não são necessários, porém, em algumas situações, a ultrassonografia pode ser solicitada para confirmar o diagnóstico.
Existem opções cirúrgicas e não cirúrgicas para o tratamento da tenossinovite de De Quervain. As opções não cirúrgicas podem envolver a imobilização do punho e do polegar, a interrupção de atividades que agravam os sintomas e o uso de medicamentos anti-inflamatórios e infiltração com corticóides para alívio da dor e redução do inchaço. Já a cirurgia consiste, basicamente, na abertura do compartimento, para disponibilizar mais espaço para os tendões.
De qualquer modo, a escolha do tratamento será feita pelo ortopedista especialista em mão, após uma avaliação minuciosa e individual do caso. Por isso, se você notar algum dos sintomas citados neste texto, ou apresentar algum outro sintoma incomum na mão ou no punho, procure um ortopedista especialista nesta área, para que ele avalie o que há de errado, realize o diagnóstico do problema e proponha o tratamento mais adequado para a sua situação.