Ela começa com um incômodo, evolui para uma dor forte e logo se instala, impossibilitando qualquer movimento. A tendinite, um tipo de inflamação nos tendões que pode atingir punho, cotovelo, ombros e coluna, já é considerada hoje pelo INSS como uma das 20 causas mais recorrentes de afastamento do trabalho. Em tempos de home office, o problema chegou a aumentar até 40%, segundo o departamento de ortopedia da Casa de Saúde São José, no Rio de Janeiro.
A doença, assim como outras que fazem parte do grupo das LER – lesões por esforço repetitivo -, acomete uma a cada 100 pessoas, segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde). Suas causas, entretanto, podem ser as mais variadas. Apesar de grande parte dos casos se desenvolver a partir de um trauma, agudo ou crônico, alguns quadros podem ter origem em infecções sistêmicas, como explica a Dra. Sandra Hiroko Watanabe, membro da diretoria executiva da SPR (Sociedade Paulista de Reumatologia). “Indivíduos sedentários, com condicionamento físico ruim, fraqueza e/ou encurtamento muscular também podem estar mais predispostos. Por outro lado, a prática de atividade física sem orientação adequada também pode levar ao problema, afirma.
Quando ligada ao trabalho, a tendinite pode estar relacionada a dois importantes fatores: a execução de movimentos mecânicos ininterruptos e um ambiente com condições ergonômicas inadequadas. A presidente da AFB (Associação de Fisioterapeutas do Brasil), Dra. Denise Flavio, explica que escritórios mal adaptados podem contribuir para o surgimento de lesões e ainda agravar aquelas pré-existentes. Da mesma forma, a especialista diz que a falta de informação dos empregadores pode desestimular os funcionários a realizar pequenas pausas e exercícios durante o expediente.
“Com o advento do home office, estimulado durante a pandemia da Covid-19, é fundamental a utilização de mobiliário correto e de acessórios adequados. Uma boa cadeira não é uma despesa ou um gasto fútil, mas um grande investimento na saúde”, afirma Sandra. Outras dicas para quem vê o incômodo aumentar são os exercícios e os protetores de articulações, como afirma a Dra. Anamaria Jones, professora de reumatologia da Unifesp. “Para quem trabalha no computador, é importante usar os apoios de punho, por exemplo. Eles evitam que essa região fique estendida por muito tempo enquanto a pessoa utiliza o teclado e o mouse. Já pensando na prevenção, devemos fazer exercícios que mantenham os músculos fortes e flexíveis, para que assim eles possam exercer todas as atividades do dia a dia”, diz.
Na presença dos primeiros sintomas, entretanto, as especialistas indicam que o paciente procure a assistência médica adequada, descartando também diagnósticos como artrite reumatoide e espondiloartrites. Quando mais rápido o caso for tratado, alertam, menor a chance de um quadro de lesões irreversíveis.